quinta-feira, 22 de maio de 2008

RISCOS BIOLÓGICOS E PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Historicamente, os profissionais de saúde não eram considerados como categoria profissional de alto risco para acidentes de trabalho.
A preocupação com riscos biológicos surgiu a partir da constatação dos agravos à saúde dos profissionais que exerciam atividades em laboratórios onde se dava a manipulação com microrganismos e material clínico desde o início dos anos 40.
Para profissionais que atuam na área clínica, entretanto, somente a partir da epidemia da AIDS nos anos 80, as normas para as questões de segurança no ambiente de trabalho foram melhor estabelecidas.
A definição dos profissionais e dos trabalhadores que devem ser considerados como parte integrante do setor saúde, e, portanto, expostos ao risco de contaminação ocupacional é bastante complexa. Essa definição, no entanto, é necessária para que se calculem algumas taxas de exposição que envolvam as categorias profissionais específicas.
Alguns autores conceituam como trabalhadores de saúde todos aqueles que se inserem direta ou indiretamente na prestação de serviços de saúde, no interior dos estabelecimentos de saúde ou em atividades de saúde, podendo deter ou não formação específica para o desempenho de funções referentes ao setor. O vínculo de trabalho no setor de atividade de saúde, independentemente da formação profissional ou da capacitação do indivíduo, é o mais importante na definição de trabalhador de saúde. Analogamente, definem como profissionais de saúde todos aqueles que detêm formação profissional específica ou capacitação prática ou acadêmica para o desempenho de atividades ligadas diretamente ao cuidado ou às ações de saúde, independentemente de trabalharem ou não nas atividades de saúde.
O mais importante na definição do profissional de saúde é sua formação e sua capacitação adquiridas com vistas a atuar no setor. A terceira categoria é a do pessoal de saúde, definida como o conjunto de trabalhadores que, tendo formação ou capacitação específica – prática ou acadêmica, trabalha exclusivamente nos serviços ou atividades de saúde. É a interseção das duas categorias descritas anteriormente, sendo formada pelos trabalhadores de saúde com capacitação ou formação para exercer funções ou atividades de saúde.
A maioria dos dados disponíveis sobre o total da força de trabalho da área de saúde no Brasil provêm dos censos demográficos nacionais de registros administrativos do Ministério do Trabalho, como a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), e dos Conselhos Federais de Medicina, Enfermagem e Odontologia.
Virtualmente, qualquer categoria profissional pode estar sob RISCO. Além disso, visitantes e outros profissionais que estejam ocasionalmente nos serviços de saúde também podem sofrer exposições a material biológico.
O número de contatos com sangue, incluindo exposições percutâneas e mucocutâneas, varia conforme as diferentes categorias profissionais, as atividades realizadas pelo profissional e os setores de atuação dentro dos serviços de saúde. Profissionais de saúde da área cirúrgica, odontólogos, paramédicos e profissionais de setores de atendimento de emergência são descritos como profissionais de alto risco de exposição a material biológico. A probabilidade de ocorrer a exposição é grande entre estudantes ou estagiários e entre profissionais em fase de treinamento já que não há treinamentos adequados nos cursos de formação técnica ou profissional sobre as formas de prevenção às exposições a material biológico.
Conforme as estatísticas observadas, a equipe de enfermagem é uma das principais categorias profissionais sujeitos a exposições a material biológico. Esse número elevado de exposições relaciona-se com o fato de o grupo ser o maior nos serviços de saúde, ter mais contato direto na assistência aos pacientes e também ao tipo e à freqüência de procedimentos realizados por seus profissionais. A freqüência de exposições é maior entre atendentes, auxiliares e técnicos de enfermagem, quando comparados a profissionais de nível de instrução superior.
Os riscos de exposição entre médicos variam conforme as diferentes especialidades. Entre médicos de enfermarias clínicas, o número estimado de exposições pode variar de 0,5 a 3,0 exposições percutâneas e 0,5 a 7,0 mucocutâneas por profissional-ano. Entre os médicos cirurgiões, são estimados 80 a 135 contatos com sangue por ano, sendo 8 a 15 exposições percutâneas. Considerando-se que um cirurgião realiza entre 300 e 500 procedimentos por ano, estima-se que este profissional será vítima de 6 a 10 exposições percutâneas por ano.
Os odontólogos também são uma categoria profissional com grande risco de exposição a material biológico. Os estudos mostram que a maioria dos dentistas (quase 85%) tem pelo menos uma exposição percutânea a cada período de cinco anos.
A maioria dos casos de contaminação pelo HIV em todo o mundo por acidente de trabalho, mais de 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis, envolveram a categoria de enfermagem e de profissionais da área de laboratório. Profissionais de laboratórios clínicos são responsáveis por grande parte dos procedimentos que envolvem material perfurocortante nos serviços de saúde. O número de profissionais de laboratório infectados pelo HIV, entretanto, é desproporcional ao número de indivíduos na força de trabalho. Nos EUA, por exemplo, os flebotomistas (Flebotomista: o que “faz sangrar”; Fleb é referente às veias) correspondem a menos do que 1/20 do número de profissionais das equipes de enfermagem. Outras categorias profissionais comuns contaminadas pelo HIV foram médicos clínicos, incluindo estudantes de medicina, responsáveis por 12% e 10% dos casos comprovados e prováveis, respectivamente, e médicos cirurgiões e dentistas, responsáveis por 12% dos casos prováveis de contaminação, mas por menos de que 1% dos casos comprovados.

BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO

NORMAS DE BIOSSEGURANÇA NO LABORATÓRIO

O que deve ser sempre lembrado é que: “A segurança depende de cada um”.
É importante que o pessoal se habitue a trabalhar com segurança fazendo com que ela faça parte integrante de seu trabalho. Toda tarefa a ser executada deve ser cuidadosamente programada, pois nenhum trabalho é tão importante e urgente que não mereça ser planejado e efetuado com segurança. É responsabilidade de cada um zelar pela própria segurança e das pessoas com quem trabalha. O trabalho em laboratórios de ensino só deve ser permitido no horário previsto e sob a supervisão do professor. Em todos os laboratórios, o trabalho só deve ser efetuado quando simultâneo ao de outro pesquisador. As normas específicas fixadas para cada laboratório devem ser rigorosamente obedecidas. Cabe aqui ressaltar que o laboratorista que faz brincadeiras, não é um humorista, e sim, um elemento perigoso. Este indivíduo deve ser severamente advertido. Assim, em qualquer local de trabalho, não somente nos laboratórios químicos e microbiológicos, devem ser abolidas as brincadeiras. O ato de fumar nos laboratórios, além de ser altamente perigoso, pode levar o indivíduo a um estado de desatenção. Quando se fuma no laboratório está se pondo em risco a segurança, com possibilidade de provocar um acidente. Na maioria das clínicas é proibido fumar, exceto nos corredores largos.
É bom lembrar que o professor ou o chefe do laboratório é sempre a pessoa melhor qualificada para orientar quanto aos cuidados específicos a serem tomados em relação a cada experiência. Suas instruções devem ser cuidadosamente seguidas e respeitadas.
Todo trabalho efetuado em laboratório oferece risco. Este risco pode ser decorrente da ação de produtos químicos, eletricidade ou chamas e agentes patogênicos, resultando em danos materiais, ferimentos, queimaduras ou graves infecções. Os “Mapas de Risco”, afixados em cada porta, indicam os riscos existentes em cada local de trabalho.
Serão enumeradas a seguir, algumas regras básicas de segurança. É evidente, no entanto, que estas são apenas algumas delas mas, desde que sejam seguidas, muitos acidentes poderão ser evitados:

- Conheça o mapa de riscos do seu local de trabalho;
- Não entre em locais de risco desconhecido;
- Não permita a entrada de pessoas alheias aos trabalhos do laboratório;
- Não fume no laboratório;
- Não se alimente e nem ingira líquidos nos laboratórios;
- Não armazene substâncias incompatíveis no mesmo local;
- Não abra qualquer recipiente antes de reconhecer seu conteúdo pelo rótulo; informe-se sobre os símbolos que nele aparecem;
- Não pipete líquidos diretamente com a boca; use pipetadores adequados;
- Não tente identificar um produto químico pelo odor nem pelo sabor;
- Não retorne reagentes aos frascos de origem;
- Não execute reações desconhecidas em grande escala e sem proteção;
- Não adicione água aos ácidos, mas sim os ácidos à água;
- Não dirija a abertura de frascos na sua direção ou na de outros;
- Não trabalhe de sandálias ou chinelos no laboratório; os pés devem estar protegidos com sapatos fechados;
- Não abandone seu experimento, principalmente à noite, sem identificá-lo e encarregar alguém qualificado pelo seu acompanhamento;
- Não se distraia, durante o trabalho no laboratório, com conversas, jogos ou ouvindo música alta, principalmente com fones de ouvido;
- Evite trabalhar sozinho no laboratório; avise a Portaria quando trabalhar tarde da noite ou nos finais de semana para que os vigias visitem periodicamente o local;
- Aprenda a usar e use corretamente os EPI`s e EPC`s (equipamentos de proteção individual e coletiva) disponíveis no laboratório: luvas, máscaras, óculos, aventais, sapatos, capacetes, capelas, blindagens, etc.
- Mantenha os solventes inflamáveis em recipientes adequados e longe de fontes de calor;
- Utilize a capela sempre que efetuar uma reação ou manipular reagentes que liberem vapores;
- Conheça o funcionamento dos equipamentos, antes de operá-los;
- Lubrifique os tubos de vidro, termômetros, etc, antes de inseri-los em rolhas e mangueiras;
- Conheça as propriedades tóxicas das substâncias químicas antes de empregá-las pela primeira vez no laboratório;
- Prenda à parede, com correntes ou cintas, os cilindros de gases empregados no laboratório;
- Certifique-se da correta montagem da aparelhagem antes de iniciar um experimento;
- Informe sempre seus colegas quando for efetuar uma experiência potencialmente perigosa;
- Mantenha uma lista atualizada de telefones de emergência;
- Informe-se sobre os tipos e usos de extintores de incêndio, bem como a localização dos mesmos (corredores);
- Acondicione em recipientes separados o lixo comum e os vidros quebrados e outros materiais perfuro- cortantes;
- Siga as instruções do laboratório para descartar substâncias químicas, agentes biológicos, radioativos, resíduos e o lixo; informe-se dos procedimentos junto às Comissões pertinentes;
- Frascos vazios de solventes e reagentes devem ser limpos e enviados à “caçamba de vidros”, para descarte. Cada laboratório deve se encarregar deste serviço, não podendo qualquer frasco ficar do lado de fora do laboratório;
- Se tiver cabelos longos, leve-os presos ao realizar qualquer experiência no laboratório;
- Evite colocar na bancada de laboratório, bolsas, agasalhos ou qualquer material estranho ao trabalho;
- Verifique, ao encerrar suas atividades, se não foram esquecidos aparelhos ligados (bombas, motores, mantas, chapas, gases, etc.) e reagentes ou resíduos em condições de risco;
- Comunique qualquer acidente, por menor que seja, ao responsável pelo laboratório.

LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA

MICROBIOLOGIA GERAL E MICROBIOLOGIA CLÍNICA

Nestes laboratórios são lecionados os componentes laboratoriais das disciplinas de Microbiologia, Parasitologia, Virologia, Micologia, Histologia, Embriologia, Patologia e Imunologia das diversas licenciaturas em Ciências da Saúde.
O laboratório de Microbiologia Clínica está equipado de modo a que os métodos tradicionais empregados em Microbiologia Clínica possam ser realizados tais como: microscopia, culturas in vitro, detecção de antígenos e a detecção de anticorpos contra o agente microbiano.
Quanto ao laboratório de Microbiologia Geral está equipado de modo a que os alunos possam estudar aspectos morfológicos, estruturais, fisiológicos e bioquímicos dos microrganismos. Os equipamentos disponíveis são: estufas, incubadoras, microscópios ópticos binoculares, centrífuga, espectrofotômetro de absorção molecular, câmara de fluxo laminar entre outros.
Por sua vez no laboratório de Microscopia realizam-se observações ao microscópio de preparações de diferentes células e tecidos para estudo morfológico e histológico. Para isso encontram-se à disposição dos alunos vários microscópios ópticos binoculares, um sistema de video-imagem assim como várias coleções de lâminas.

AS 3 FASES ANALÍTICAS (3)

III – FASE PÓS-ANALÍTICA
Em 3 etapas:

1. Resultados dos Exames
- a liberação de resultados é feita por um médico ou biologista

2. Arquivo e Rastreabilidade
- digitalização dos resultados no computador
- consultas a exames anteriores
- os resultados devem ser guardados por um mínimo de 5 anos

3. Descarte de Resíduos

Nos últimos 20 anos, a fase pós-analítica passou por um crescente processo de automação. Na década de 80, os resultados eram entregues em papel, pela retirada na unidade laboratorial, entrega via portador ou correio, passando nos anos 90 para a entrega por telefone ou fax. Hoje, os resultados dos exames são acessados assim que liberados pela área técnica pela Internet ou enviados automaticamente por e-mail para o usuário final, seja ele o paciente ou seu médico. Para isso, foi necessária a criação de mecanismos que garantissem a confidencialidade e a segurança dos dados que passaram a transitar livremente pela rede mundial de computadores. Total confidencialidade e acesso a informações seguem caminhos opostos, seja quando utilizados meios computacionais ou não. A utilização de "firewalls", a criação de uma "rede de perímetro" ou "De-Militarized Zone" (DMZ) e o uso de criptografia em sistemas que possuem acesso à Internet são exigências que proporcionam um nível adicional de segurança necessário a sistemas internos e usuários.
Nessa fase, também se destaca a utilização de sistemas de alerta para resultados de exames definidos previamente como críticos, o que pode reduzir o tempo entre o resultado e a conduta clínica. O sistema deve estar preparado para o envio de alertas para diferentes usuários, por diferentes canais de comunicação: desde simples alertas sonoros até o envio de mensagens por e-mail ou para telefone celular, pager ou fax. Os dados recebidos na forma digital apresentam, ainda, a vantagem de sua incorporação direta em prontuários eletrônicos, transferindo a eficiência do laboratório clínico para o interior do consultório médico.
Após a entrega do resultado, a Internet também pode ser utilizada como canal de comunicação entre o médico solicitante de exames e a equipe de assessoria especializada do laboratório, auxiliando a interpretação dos resultados à luz da literatura mais atual. A utilização do e-mail nesse processo reduz custos, elimina a necessidade de linhas telefônicas para o contato e promove maior comodidade, uma vez que a resposta pode ser fornecida pelo assessor em momento oportuno, otimizando seu tempo de trabalho. Nesse sentido, salienta-se que devem ser seguidas as recomendações a respeito de aspectos legais e éticos da utilização de e-mail para comunicação na área médica.

AS 3 FASES ANALÍTICAS (2)

II – FASE ANALÍTICA

- emprego das técnicas analíticas
- incluem-se: equipamentos, reagentes, corantes, processos de repetição
- o exame propriamente dito

Na maioria dos laboratórios, a fase analítica é a mais automatizada. Após o posicionamento dos tubos, não há mais interferência humana, para a maioria dos exames processados. Concluída a análise, os LIS recebem eletronicamente os resultados dos exames provenientes de analisadores que possuem interface automática com o sistema. Sistemas de apoio à decisão aceitam ou rejeitam testes, baseados em critérios pré-definidos, como exames relacionados ou resultados prévios e dados do paciente (idade, sexo, condições clínicas), utilizando para isso regras complexas de lógica, como algoritmos booleanos ou fuzzy. Muitos desses sistemas têm a peculiaridade de simular, de maneira automatizada, eficiente e em larga escala, o raciocínio que o especialista da área faria para liberação do resultado do teste. Complexas linhas de automação e robôs gerenciam o fluxo de amostras: a substituição de processos manuais por automatizados virtualmente elimina o risco de acidentes e a taxa de erro.

AS 3 FASES ANALÍTICAS (1)

I – FASE PRÉ-ANALÍTICA

Recepção
- sugere-se que os recepcionistas tenham formação em patologia
- instruções pré-coleta: uso de drogas e jejum
- procedimentos incluídos no POP (Programa Operacional Padrão) – livro/registro escrito dos procedimentos de laboratório, aprovado pela ANVISA.
A fase pré-analítica compreende as operações que antecedem a análise do "analito", a realização do exame propriamente dito. Fazem parte dessa etapa o contato inicial do cliente com o laboratório e a identificação do material coletado. O agendamento de exames ocorre nessa fase. Trata-se de um processo complexo que integra informações como identificação dos exames solicitados, sexo, idade e peso do paciente, escala de médicos e agendamento de salas de coleta; fornece como produto final a marcação de data para realização do exame e a geração de informações necessárias para o atendimento (preparo do paciente, jejum e/ou outras orientações relativas aos exames agendados). A utilização de um sistema de agendamento digital pode ter importante papel na redução de erros na área médica, principalmente se a entrada de dados for feita pelo próprio médico que solicita o exame. A base de dados com informações relativas a todos os exames é uma parte central dos LIS (Laboratory Information System, ou Sistema de Informática Laboratorial), em que são definidos os elementos do exame, como nome, código de identificação, unidades de medida, valores de referência e valores críticos, entre outros. Neles são baseadas as informações de jejum e preparo fornecidas aos clientes, bem como o preço do exame e locais em que é realizado.
A tecnologia da informação também está presente no processo de atendimento do cliente, desde a abertura de ficha, com sistemas de identificação que variam de busca fonética, para evitar as indesejáveis duplicidades de cadastro, até sistemas de reconhecimento baseado em biometria.
No processo de coleta, a utilização de código de barras para a identificação das amostras provocou grande impacto no fluxo de trabalho, aumentando a eficiência e provocando consistente diminuição de erros e redução de custos.